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domingo, 18 de setembro de 2011

Loucura Amiga - parte 2


OBS: Houve um problema com as cores do blog, então a parte referente à Juliana estará em itálico.


Fui caminhando noite adentro inspirado pelas forças externas e malignas que assoviavam lamentos aos pés dos meus ouvidos. Após alguns minutos caminhando sem rumo perdido nas minhas emoções e nos lamentos externos, cansei de andar e resolvi descansar minha loucura sentando-me numa esquina cheia de lixo e úmida pela garoa fria que caía sem dó.

Fiquei olhando aquele cenário bucólico e esfumaçado, como numa gravura criada por uma mente doentia a ponto de perfurar os próprios olhos, já cansado de ver a maldade e a hipocrisia do mundo sensível em que nascemos para pagar todas nossas falhas. Agora começa a fazer sentido.

Definitivamente, nada faz sentido na realidade. Quase tomando um conceito criado a partir de minhas faculdades zonzas como verdade, percebo que aquela luz anterior estava me iluminando novamente, mas dessa vez era diferente, eu já não tinha mais vontade de tocá-la e nem possuí-la. Eu apenas fiquei observando a dança que ela fazia, como uma cigana, tentando me seduzir.

Consegui enxergar, após muita contemplação, através dela, e consegui ver o que ela guardava. Mas apenas via o conteúdo bruto, nada muito claro. O que eu via na verdade era uma retrospectiva daquilo que já habitava minha mente, que julgava eu ser tão doentia, mas que essa luz que julguei vulgar veio na realidade me alertar de que não sou o único a sofrer com tudo isso.

Estava ali todo o meu sentimental. Como pode? Agora sim eu percebo que aquelas forças na verdade eram internas e que eu, com minha fraqueza, tentava me livrar de toda essa culpa colocando-as num plano diferente do meu. Culpa de sentir tudo aquilo concebido pelo proibido. Não, na verdade não. A quem estou querendo enganar? Quem disse que é proibido? Não tenho culpa, não tenho controle sobre certas emoções, mas quem há de me livrar desta cruz que me espera? Ninguém, absolutamente ninguém vai me livrar desta crucificação injusta, e acho que em função disso estou me preparando desde já com estas chagas.

A luz começou a sumir, e eu entrei em desespero, pois ela clareava a rua de meu coração. Mas infelizmente ela foi desaparecendo como que dissesse: “Resolvas por você mesmo.” Mas será que eu conseguirei me livrar destas chagas, e mais que isso, me livrar deste meu mecanismo de fazer tudo virar pó dentro de mim? Conseguirei eu navegar pelos mares do Sol…? A luz sumiu sutilmente como estas minhas palavras.


As sombras na rua tossiam como sinal de reprovação ao meu estado que se confundia com um porre de dois dias, mas sem me importar eu apenas continuava com minhas observações. Na verdade, sentia pena daquelas pessoas deprimentes que apenas esperavam o ano novo pra fingir que escapariam daquilo. Esperavam. Ano após ano. Como não se questionar? Como viver nessa fantasia achando que o mundo é rosas e tudo é perfeito? Meu corpo é um furacão e essa erupção talvez me mate, mas como vou continuar sem ela? Como vou olhar pra trás e ter orgulho do que vivi?

Resolvi levantar e caminhar um pouco; ar fresco em movimento até chegar a um bar de aparência razoável que entoava uma música country antiga ao fundo. Sentei perto da janela e acenei para o garçom apontando para o que o cara da mesa ao lado bebia. Foi o suficiente para que aquele velho de longos cabelos brancos e chapéu perturbasse meus pensamentos; percebi que criei misteriosamente uma empatia por aquele senhor. Imaginei-me com sua idade, sentado num bar qualquer, numa rua qualquer e na mesa de um cara qualquer pra fingir ser companhia, pra ser mais aceitável não estar bebendo sozinho num sábado à noite.

Estão todos bêbados e olhando pras coxas das garotas que não percebem esse outro tipo de beleza que não se vê por aí. Um velho e sua bebida. Tão íntimos e tão únicos. Achei divertido eu ser o único a prestar atenção no velho e isso fez com que a situação ficasse ainda mais interessante. Senti uma sensação de sala de cinema vazia, sem dividir o prazer com mais ninguém.

Ele acompanhou a música que tocava e cantou baixo e de forma arrastada devido, provavelmente, à quantidade um pouco elevada de álcool no seu corpo: “He never done no wrong a thousand miles from home and he never harmed no one... He was a friend of mine” Então soltou uma gargalhada mirando os olhos pro próprio sapato e deu um grande e longo gole da sua bebida marrom. Não sabia nada daquele cara, mas sabia o que aquele gole significava. Aquele gole de um cara que acaba de se desfazer de um grande medo. Aquele gole de quem vai seguir em frente, de qualquer forma.