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domingo, 13 de março de 2011

Loucura amiga - parte 1


Olá queridas traças e phantasmas que habitam meu blog. A partir de hoje, postarei uma série de textos contínuos - um dependente do outro - feitos por minha pessoa em parceria àe minha amiga Juliana Farias. Resolvemos escrever juntos, já que ambos partilham não da mesma loucura, mas sim do mesmo conceito anteriormente citado independentemente do predicado atribuído à ele. O texto em branco é referente à minha parte, e o texto rosa à parte da Juliana.


O mundo acabou e Deus se esqueceu de desligar as máquinas da vida. O Sol apagou, o mar secou, o vento cessou e a terra afundou. Parece que até mesmo Deus não escapou, e estamos aqui agora à mercê do caos, como objetos jogados na escuridão total. Não é possível distinguir cores, sensações, sentimentos ou movimentos alheios, o breu tomou conta, e agora vivemos na caverna de Platão até mesmo sem nossas sombras como companhia. Estamos sós. Estamos todos juntos, mas ainda sim estamos sós.

Quero sentir sede, fome, vontade de rir, de chorar, de sofrer e até vontade de transar. Todos os queremos. Mas percebe, que aquilo que serve de ópio ou que serve de máscara, pode nos servir ao mesmo tempo como distração, e não necessariamente nessa ordem. Sabe o que é você pensar – a partir de suas faculdades mentais intactas- e não poder expressar? Sabe o que é não conseguir gozar de sua função perante um superior?

É o ladrão que não consegue sobreviver, é a polícia que não rouba, é a música que não nos toca, é a poesia que não se toca e desesperadamente é a flor que não morre e perde tua vitalidade. Foi nos tirado o movimento, o direito de ir e vir, o dever de satisfazer egoísmos dogmáticos, e o prazer de contradizer nossos avós pragmáticos.

Teria feito antes um pacto com Satanás, a essa hora estaria sentindo calor, muita dor e sofrimento, diferente dessa casca robótica sem expressão que vivo agora. E quando todos nós achávamos que tínhamos sidos largados à nossa própria sorte, ouvimos um som lindo vindo dos instrumentos dos serafins e vimos uma luz nascendo ao longe, como se nos mostrassem o caminho a traçar.

A luz me puxava; o lado mais fácil, que seria o de me entregar àquela transparência e deixar que seu véu encobrisse meus olhos levando minha alma além das estrelas, no momento pareceu o maior erro da minha existência e a incontrolável atração, de uma hora pra outra, virou água em óleo. Não seria a morte nem os anjos a me abraçarem. Apenas estava saindo do casulo que me entoquei. Eu criei o fim do mundo, eu trouxe para mim aquilo que desejei ver, mas não queria morrer tal qual Van Gogh, com os venenos dos lugares abandonados. Nós recebemos a chance de recomeçar, nos lançaram de volta à vida apenas com a roupa do corpo. Na verdade, você sabe muito bem o que aconteceu. A luz cresceu, porque deixamos que ela o fizesse. Deus? Deus nada tem a ver com isso; ele apenas está brincando em seu playground, se divertindo como todos deveríamos fazer.

E por mais que nosso corpo desfalecesse, nosso espírito suplicava para que a roda continuasse a girar, mesmo de forma tão branda, ainda sim restava o fio verde, a última lasca de vontade fincada no coração como uma bateria mantendo a vida. Não roubamos o segredo do fogo, mas parecia que alguém quis nos punir. Pandora libertou todos os malditos vermes que corroem minha alma, mas esse “mal belo” como assim chamaram os deuses, veio para me trazer de volta à vida, como o impulso inicial, estritamente essencial para qualquer vitória.

Certos afastamentos são necessários, mas se afastar de você mesmo é a morte e, definitivamente, não queria morrer. Aliás, no final, o que é que sobra? Um monte de cigarros batidos, a dor abdominal querendo competir com o coração. Como poderia imaginar morrer se queria sentir o mundo pulsando no meu corpo? São coisas opostas. Não posso querê-las ao mesmo tempo, não dá! E espero que ninguém sente na minha mesa tentando me convencer do contrário. Assim, resolvi calçar as botas de couro marrom e sair deste estado lamentável.